(Meu nome é Geraldo)
Meu
nome é Geraldo. Tenho 5 anos, nascido em São Paulo, e adoro comer, pular e
dormir. Gosto de comer restos de amoras, aquelas que sobram nos mercados são maravilhosas,
porem, as que caem do pé de amoreiras, essas não tem comparação. Sou, a mais nova
peste, o Aedes Egipt, conhecido pela transmissão da dengue, vírus terrível. Não
gosto de ser assim, ter essa fama de malvadão, não posso nem sair de casa que
corro risco de morte, fora que hoje em dia, já não da para bobear, tem lugares
cheios daqueles sprays que matam. Falando em casa, lembro-me de meu melhor
amigo.
Bingo,
um pernilongo de pernas curtas, –
coitado, seus amigos fazem bulling com ele -
não gosto muito deles, os acho um pouco assustadores com aquelas enormes
patas. Mas bingo é parecido comigo, um pouco inocente, também não pica ninguém.
Tenho inveja dele, que ostenta sua linda casa, florida e cheirosa, e as vezes
vem me contar das visitas. – Malditas abelhas, lindas, exuberantes,
apaixonantes... – Não posso pensar muito nelas, que já até sinto seus cheiros.
E ainda por cima, ele mora no vaso de flores da tia Joana, que é em frente a
cerejeira, gostosas cerejas. Tudo isso, enquanto eu aqui, morando no pneu
furado que os carros deixam, cheio d’agua dentro. Preciso de um par, não
vejo a hora de me casar, conhecer a família, ir buscar a noiva na casa dela
para ir para lua de mel.
AI!
Esqueci de contar para vocês, falando em buscar a noiva né, hoje que eu vou
tirar minha carta, só assim para eu poder voar, e busca-la.
Cheguei
5 min mais cedo, e toquei a campainha:
-
Quem deseja?
-
Vim fazer o teste, é aqui a casa da Joaquina, não é?
Era
ela mesmo quem abria a porta. E já foi
anotando – Geraldo, 9h30, carteira - . Cheguei no final do teste de Romeu, meu
vizinho, gostava dele também, mesma espécie, mesmos gostos. Ele havia
conseguido, segundo ele, era seu terceiro teste, nos outros tinha ido mal.
Deu
horário de meu teste, fui para o ponto de partida. Bartolomeu, uma das quatro
crianças da casa gritou:
-
Vai, agora!
Tive
de ir, não tinha como voltar atrás. Sai voando rápido na direção correta, e sem
nem piscar, já me apareceu o primeiro obstáculo. Jaiminho, filho mais novo de
dona Joana, esse seria mais fácil de passar, fora sua pouca experiência, suas
mãos eram bem menores, pequenas ainda.
-
Pa, Pum, Pim – passei sem muita dificuldade.
Veio
o do meio, João, já mais velho e amadurecido, idade ainda da puberdade, nem tão
difícil, nem tão fácil.
-
Pum, Pim, Pa – passei são e salvo, faltava o mais difícil.
E veio sem nem dar chance de eu pensar um pouco, Julião
era ENORME, não ia ser nada fácil.
- Pim – passei – Pa – passei raspando, senti o toque na
ponta de seu dedo- Pum!
- Conseguiu Geraldo, aqui esta sua carteira, pode buscar a
noiva!